Descrever este trecho da viagem me dá até arrepio…
Foi o pior trecho que já tive em toda a minha vida de motociclista, mas vamos lá…
Logo após a saída de Arica tínhamos duas aduanas, saída do Chile e entrada no Peru. Um movimento muito grande, ônibus, carros, equipes de apoio ao Dakar 2013 com procedimento diferenciado, etc
Na aduana do Chile após preencher formulários, passar nos guichês e filas correspondentes a última etapa era referente a documentação da moto. Um único funcionário, um processo moroso com cópia de todos os documentos, digitação no sistema e impressão do respectivo documento para permitir a entrada/circulação da moto no Peru.
O Marcio que foi o último dos três a ser atendido no nosso grupo foi premiado…
O processo dele iniciou as 9:45 e o funcionário já informou que ia fazer as cópias, iniciar o processo e que o cadastramento no micro seria feito pelo próximo funcionário no novo turno que iniciava as 10 horas.
Pronto! Deu caca na troca do turno. Feito o Logoff do funcionário que saia a nova funcionária não tinha senha, chamou o supervisor que estava com senha mestra vencida e depois de muito tempo e com a fila aumentando optaram em fazer o processo manual….
Assim umas três horas depois das aduanas entramos no Peru e fomos até Tacna, a primeira cidade alguns quilômetros após a aduana com o objetivo de trocar os Pesos que sobraram por Soles e fazer o SOAT (Seguro contra terceiros no Peru).
Tacna é uma cidade agradável, até organizada. Paramos no centro em frente a um banco e centro de informações turísticas. Tinha casa de cambio e troquei meus Pesos por Soles.
O pessoal do banco nos informou que na quadra ao lado tinha uma corretora de seguros que emitia o seguro SOAT. Pagamos o seguro para 30 dias (mínimo) por 100 Soles ( equivalente a 80 reais).
O processo era bastante demorado, pois após fazer copias de todos os documentos eram digitados os dados e emitida a apólice do seguro. Uns papeis bonitos que são mostrados mais abaixo.
Feito um lanche ai no centro da cidade saímos com destino a Puno passando por Moquegua.
A Re e o Mo (www.sentidodovento.net) já haviam descrito Moquegua como um local especial!!!! Mas que lugar especial hein? Custamos a achar um boteco para tomar água e junto ao mercado que balburdia….
Abastecemos, passava do meio dia, um calor insuportável e lá vamos seguindo para o drama da viagem.
O drama foi o frio, a chuva, o granizo, a neve e mais frio que enfrentamos na subida da cordilheira.
Sabíamos que ia subir e esfriar mas as demais condições o psicológico não estava preparado. Dona Silvana além da falta de ar Congelou, estava com a cara roxa, só queria seguir adiante para chegar logo.
Minhas mão congelaram e comecei a ficar preocupado pois freiar com a mão direita a toda hora estava ficando doído e meio sem sensibilidade devido ao congelamento dos dedos…
Os braços pareciam que estavam endurecendo e as curvas constantes estavam me preocupando. Paramos para colocar mais proteção e capa de chuva mas os dedos pareciam pedras. Para colocar a luva de novo foi quase impossível.
Na continuação da viagem e preocupado com a mão direita congelada de repente me deu um estalo. Cara tem o freio do pé!!!….
Como a STENERE tem o freio combinado que você aciona a manopla e ele distribui automaticamente para a roda traseira e dianteira tinha perdido o habito de usar o pé direito…
Ora esta pata não estava congelada!!! Alivio!!!!
A partir dai não usei mais a mão direita sem mobilidade (o acelerador ia só no punho – tem um dispositivo que avança o acelerador com o punho) e foi só no pedal a cada curva…
A medida que andávamos mais, olho no termômetro e no altímetro do GPS. Esperava aumentar a temperatura e diminuir a altitude, mas o que acontecia era o contrario…
Após Moquegua começou a subir e foi até 4638 metros segundo o GPS e a temperatura caiu para 4 graus.
Permaneceu nesta altitude descendo uns 100 metros e subindo novamente diversas vezes até uns 50m km antes de Puno quando desceu para 4200 e a temperatura subiu para 12 graus.
Após muito esforço chegamos a PUNO completamente exaustos e sem oxigênio devido a grande altitude.
Enquanto eu levava a moto para a cocheira, na quadra seguinte ao hotel Dona Silvana foi conduzida pela Marli ao quarto para um banho quente e nem os bauletos e cascos podia carregar pois estava completamente exausta, roxa de frio, quase perdendo os sentidos…
Quem levou as bagagens para o quarto foi a Marli e a Suzana.
Decididamente foram as piores condições climáticas que já experimentei até hoje.
Exemplo da Apólice do seguro SOAT:
Dados do GPS:
Seguem algumas fotos:
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